Só 7% dos gestores têm experiência digital significativa. E quem paga esse preço é você.
- Bruna Fonseca
- há 20 horas
- 3 min de leitura
Se você se assustou com o título, saiba que eu também. Quando ouvi essa afirmação do Joca Torres em um episódio de podcast, precisei pausar e ouvir de novo. Só 7% dos gestores têm experiência digital significativa. Sete. Por. Cento.
Esse número me bateu forte. Não porque eu não imaginava, mas porque finalmente alguém deu nome ao que a gente vê e sente na pele todos os dias dentro dos times de produto.
A conta não fecha (e você sabe disso)
Esse número explica muita coisa do que tenho visto por aí:
Reuniões que terminam sem alinhamento real.
Decisões tomadas por intuição, não por dados.
Pressões por entregas sem contexto.
Times desmotivados e backlog cheio de "pedido urgente".
A gestão de produtos digitais, em muitos lugares, ainda é feita por quem nunca viveu o digital na prática. Nunca participou de uma entrevista com usuário. Nunca escreveu uma hipótese. Nunca criou um MVP de verdade. E, mesmo assim, decide o que entra no roadmap.
O resultado?
É o PM que corre pra justificar decisões que já vieram prontas.
É o time técnico que recebe escopos mal definidos e prazos apertados.
É o UX que tenta conduzir discovery, mas esbarra em quem acha isso “desnecessário”.
E no meio disso tudo, quem paga o preço é você.
A liderança segue, mas quem carrega o peso é quem executa
A empresa continua funcionando. Os projetos continuam rodando. O board se mostra satisfeito porque “entregamos tudo o que foi prometido”. Mas lá na ponta, a realidade é outra.
A insegurança começa a bater.
Você se sente incapaz de argumentar com clareza.
Tem medo de dizer “não” e parecer intransigente.
Sente que precisa estar sempre provando seu valor. E aos poucos, isso vai minando sua confiança, seu ritmo, seu prazer em trabalhar com produto.
Eu sei como é, porque já estive nesse lugar.
E o pior é que a culpa não é sua
Muitos profissionais incríveis estão travados porque trabalham em ambientes onde a liderança não tem repertório digital. E isso muda tudo: muda a linguagem, muda o nível das conversas, muda o tipo de apoio que você recebe (ou deixa de receber).
Você não consegue escalar hipóteses porque tudo precisa estar validado “com certeza”.
Você não consegue estruturar discovery porque “não tem tempo pra isso agora”.
Você não consegue propor estratégia porque o que importa é entregar “tudo o que está no escopo”.
E isso é cruel, porque você sabe que dá pra fazer melhor. Só não tem espaço.
O que fazer com essa informação?
Primeiro: respira. Esse problema não é só seu. E, sim, é possível evoluir mesmo em ambientes assim.
Depois: olha pro que você pode controlar. Mesmo que a liderança ainda não esteja preparada, você pode estar. Ter clareza sobre a importância do digital, entender as ferramentas certas, dominar discovery, saber usar dados a seu favor… tudo isso te ajuda a se posicionar com mais segurança, mesmo que o cenário à sua volta ainda não esteja 100% maduro.
E por fim: não desiste. Eu sei que dá vontade de jogar tudo pro alto quando parece que ninguém te entende. Mas quanto mais pessoas dentro dos times tiverem repertório, mais fácil vai ser virar o jogo lá na frente.
Porque uma coisa é certa: quem trabalha com produto e entende de verdade o digital, uma hora brilha. Mesmo que hoje esteja no meio do caos.
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