Feature Factory: vilã ou solução para times de produto?
- Bruna Fonseca

- 18 de mar.
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de mai.
Se você atua com gestão de produtos digitais, provavelmente já ouviu falar do termo feature factory. Caso não tenha ouvido, talvez já tenha vivenciado essa realidade sem perceber.
A ideia de que times de produto se tornam fábricas de funcionalidades é um debate antigo e, sinceramente, polêmico. Afinal, será que entregar muitas features é sempre um problema ou, dependendo do contexto, pode ser uma solução válida?
Vamos explorar esse tema juntos e, ao final, apresentar formas de evitar esse ciclo, caso você esteja preso nele.
O que é uma feature factory?
O termo feature factory foi popularizado por John Cutler e descreve times de produto que operam como linhas de produção de funcionalidades. Estão constantemente entregando novidades, mas raramente sabem se aquilo gerou valor real.
Sinais de que seu time pode estar atuando como uma feature factory:
Foco exclusivo na entrega, sem considerar o impacto.
Decisões baseadas em pedidos de stakeholders, não em dados.
Backlog infinito de tarefas não questionadas.
Métricas como velocidade e número de releases são tratadas como sucesso, enquanto resultados reais são ignorados.
Soa familiar? Não é raro ver empresas nessa situação.
Por que a feature factory é vista como algo negativo?
A principal crítica à feature factory é que ela gera produtos inchados, com funcionalidades que ninguém utiliza.
O time trabalha no piloto automático, e decisões importantes são tomadas sem reflexão real sobre o impacto no usuário ou no negócio. O resultado?
Alto custo para manter features irrelevantes.
Experiência do usuário comprometida.
Time desmotivado por não ver o impacto do que entrega.
É aquela sensação de estar correndo sem sair do lugar.
Ao finalizar essa leitura, leia também: 11 Sinais que a sua gestão de produto está falhando (e você nem percebeu)
Mas será que a feature factory é sempre ruim?
Agora vem a parte polêmica: existem cenários onde um comportamento de feature factory pode ser uma solução temporária.
Produtos em fase inicial: startups que ainda estão validando sua proposta de valor podem precisar testar várias funcionalidades para entender o que funciona.
Momentos de pressão comercial: empresas lidando com demandas específicas que exigem uma sequência intensa de entregas.
Cenários de transformação digital: organizações digitalizando processos internos podem precisar focar mais na execução para ganhar eficiência.
O problema é quando esse comportamento se torna padrão, e não uma fase temporária.
Como evitar que seu time vire uma feature factory?
Se você deseja fugir desse ciclo (ou pelo menos equilibrar entregas com impacto), aqui estão quatro práticas que podem ajudar:
Defina outcomes, não apenas outputs
Foque em resultados esperados, não só nas entregas. Pergunte sempre: "Que comportamento do usuário queremos mudar?"
Invista em discovery contínuo
Priorize pesquisas, entrevistas e validações com clientes. Teste hipóteses antes de desenvolver funcionalidades.
Diga "não" com confiança
Nem toda ideia precisa virar uma entrega. Seja claro ao explicar por que algo não deve ser priorizado agora.
Crie um roadmap baseado em impacto
Construa um roadmap que priorize problemas reais, não apenas uma lista de demandas internas. Use métricas para medir o sucesso de cada iniciativa.
Como desenvolver essa mentalidade?
Sair de uma feature factory e se tornar um time de produto mais estratégico não é fácil. Leva tempo, exige mudança de mentalidade e, principalmente, conhecimento sobre como aplicar discovery, priorização e métricas de impacto na prática.
É por isso que sempre digo: é essencial dominar as ferramentas certas para atuar com confiança e entregar resultados reais.
Agora me conte: você já viveu (ou está vivendo) uma rotina de feature factory? Como enxerga essa situação?
Leitura extra: Para que serve o MIRO na Gestão de Produtos?






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