Métricas de produto que importam para gestores: além do NPS e do prazo de entrega
- Bruna Fonseca

- há 5 dias
- 6 min de leitura
Quando converso com gestores que já lideram times maduros, existe sempre a mesma sensação: “Produzimos muito, entregamos dentro do prazo… mas não sabemos se estamos, de fato, movendo o ponteiro do negócio.”
É engraçado, porque essa é exatamente a provocação que as métricas de produto precisam responder, especialmente quando falamos de métricas para gestores de produto e líderes que atuam em um nível mais estratégico.
Medir sucesso não é sobre velocidade. É sobre impacto. Como disse Peter Drucker, “o que pode ser medido, pode ser melhorado”, mas medir errado nos leva a melhorar o que não importa.
Por isso, nesse conteúdo quero aprofundar em como medir sucesso de produto digital olhando para valor real, saúde do portfólio e maturidade do produto.
Métricas de produto que revelam impacto
Pra começar, preciso destacar que empresas que realmente escalam produtos digitais não podem mais se apoiam apenas em NPS, volume de entregas ou checklists. É preciso monitorar três grandes blocos de métricas de produto capazes de mostrar consistência no longo prazo.
Continua aqui comigo que eu te mostro quais e como.
1 - Retenção:
A retenção é a métrica mais honesta de todas. Se o usuário volta, é porque existe valor. Mais importante que medir aquisição é medir quem permanece, por quê permanece e por quanto tempo permanece. Para gestores, retenção é parâmetro direto de:
saúde do problema que você resolveu
qualidade da experiência
relevância continuada
sustentabilidade de receita
Em outras palavras: retenção é o indicador que mostra se o produto tem espaço na vida real do usuário.
Mas como medir retenção?
Uma forma prática de fazê-lo é analisar momentos de retorno, não apenas “dias depois do cadastro”.
Em vez de olhar só para D+7 ou D+30, observe o comportamento-chave que indica valor: qual é a ação que, quando o usuário realiza, aumenta drasticamente a chance de ele voltar? Esse é o seu “evento de retenção”.
Por exemplo: no Dropbox, o evento é salvar o primeiro arquivo; no Spotify, criar a primeira playlist; no seu produto, pode ser completar um processo, usar uma funcionalidade ou resolver um problema.
A sacada é: retenção não é sobre tempo, é sobre transformação. Se você mede a ação que muda a vida do usuário dentro do produto, você entende não só quem retorna, mas por que retorna… e isso guia decisões muito mais estratégicas. Entende?
2 - Eficiência do produto e do fluxo de valor
Aqui estamos falando de eficiência operacional: quanto do seu tempo, energia e orçamento está de fato virando valor?
Indicadores que ajudam gestores a acompanhar isso são:
lead time entre descoberta → entrega
tempo gasto em retrabalho
proporção de entregas que geram impacto
Esses números revelam gargalos e ajudam a entender se o time está evoluindo sua capacidade de gerar valor, e não apenas completando tarefas.
Para acompanhar essas métricas de forma consistente, você precisa transformar o fluxo de desenvolvimento em um sistema de acompanhamento contínuo, não em um relatório eventual.
Isso significa implementar o Dual Track, acompanhando o ciclo discovery + delivery, com checkpoints claros:
medir o lead time diretamente nas ferramentas de trabalho (como Jira ou Azure DevOps),
registrar retrabalho como “fluxo reverso” e,
monitorar a taxa de entregas que realmente movem métricas de impacto.
A sacada é: não espere o fim do trimestre para analisar entregas de valor; transforme seus dados do dia a dia em indicadores vivos, que mostram em tempo real onde o time está aprendendo, evoluindo ou travando.
3 - Profundidade de uso
Um produto saudável não é o que tem mais funcionalidades, é o que tem funcionalidades profundamente utilizadas. É a profundidade de uso que mostra quais funcionalidades realmente resolvem o problema e onde o produto se ancora.
Esse indicador ajuda gestores a:
enxergar oportunidades de expansão
priorizar com base em dados reais
entender comportamentos que sustentam o ciclo de valor
Como fazer isso?
A melhor forma de medir profundidade de uso é mapear quais jornadas realmente sustentam o valor do produto e instrumentá-las para acompanhar frequência, repetição e intensidade de uso.
Em vez de olhar para “quantas pessoas clicaram”, observe quantas completaram a jornada completa, quanto tempo permaneceram nela e quantas vezes retornam.
Ferramentas como Amplitude, Mixpanel e GA4 permitem identificar funções âncoras, aquelas que, quando usadas de forma recorrente, aumentam retenção, viram hábito e sustentam o ciclo de valor.
A sacada aqui é: profundidade de uso não se mede por tráfego, mas por transformação; quanto mais profundamente o usuário se engaja com o que resolve sua dor, mais claro fica onde investir, otimizar ou expandir.
Como medir valor percebido (e não só entregas)
Essa análise de profundidade de uso se conecta diretamente com a medição de valor percebido, porque não basta saber o que o usuário faz, é preciso entender o que mudou para ele depois da entrega.
Quando você identifica quais funcionalidades geram engajamento profundo, consegue direcionar pesquisas qualitativas e análises antes/depois exatamente para os pontos que importam.
Assim, em vez de medir valor de forma genérica, você passa a avaliar o impacto nas jornadas que sustentam o produto. Essa combinação de uso profundo + mudança percebida, mostra com clareza se sua entrega realmente melhorou a vida do usuário ou se apenas adicionou “mais uma funcionalidade” que estava no backlog.
Ou seja: entregar rápido é ótimo, mas entregar valor é obrigatório .E é justamente aqui que muitos times se perdem.
A pergunta estratégica é: o que mudou na vida do usuário depois da sua entrega?Se nada mudou, você não entregou valor, só entregou algo. E isso é um problema.
Dashboards de métricas de produto que fazem sentido para a liderança
Um erro comum é transformar dashboards em murais de números. Para a liderança, isso não funciona. Gestores não precisam de todas as métricas, precisam das métricas certas.
Um bom dashboard para liderança deve:
contar uma história clara
destacar movimentos, não somente números
mostrar riscos e oportunidades
conectar operações à estratégia
A minha dica é: em vez de 25 indicadores, prefira 5 que realmente movem o negócio:

Quando o dashboard conta uma narrativa, a decisão gera impactos positivos e resultado consistente. Acredite!
Sinais de maturidade ou alerta nas métricas de produto
As métricas sempre avisam antes da crise. Alguns sinais que elas dão são:
Sinais de maturidade
retenção estabilizada ou crescendo
times entregando valor recorrente
uso profundo e consistente
alinhamento claro entre estratégia e operação
Sinais de alerta
variação grande de qualidade
funcionalidades que ninguém usa
NPS alto, mas retenção baixa
muita dependência de correção de rota tardia
Métricas de produto ajudam gestores a enxergar esses padrões antes do problema estourar.
Como traduzir métricas em decisões estratégicas
Como diz Marty Cagan em Inspired, “times de produto existem para resolver problemas de forma que façam sentido para o negócio e para o usuário”. As métricas são o fio que conecta essas duas pontas.
E aqui vai um exemplo prático:
Imagine que seu dashboard mostra:
NPS alto
entregas sempre no prazo
profundidade de uso baixa
retenção em queda
Se você olhasse só para NPS e prazo, diria que está tudo bem. Mas olhando para as métricas certas de produto, o diagnóstico é claro: o time está eficiente em entregar, mas ineficiente em resolver.
A decisão estratégica? Voltar para a descoberta, revisar o problema, analisar comportamento do usuário e priorizar melhorias ancoradas nas dores mapeadas.
Conclusão
As métricas de produto são a ponte entre operação e estratégia. Para gestores, diretores e VPs, medir sucesso é muito mais do que acompanhar o NPS ou garantir entregas no prazo. É entender o impacto e a saúde do produto.
Quando as métricas contam a história certa, a liderança toma decisões melhores.
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